quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Conflitos

Tenho alguns conflitos sobre vida e morte que expresso com certa recorrência em meus escritos. Vida? Morte? Quando começamos de fato viver? E quando a vida termina afinal?
Sou católica, apostólica, brasileira e acredito nos santos da igreja. Entretanto, acredito em outras questões sobre vida pós-morte, sob regime de conveniência é claro. Sou mãe, sou filha, sou irmã e amiga. Amo e imagino ser amada por muitas pessoas. E sei que amo e sou amada a partir das relações que estabeleço desde os meus primeiros contatos sociais. Isso, por que sou de outra década. Por que os bebês de hoje já são conhecidos e “interagem” antes mesmo de receberem o sopro de vida.
Infiro ser daí que adquirimos a crença de ter e ser do outro. Imagino que é desta fonte que jorra cada gota de nossos sofrimentos e crises existenciais. A propósito, não somos finitos? Passageiros? Como podemos ter, deter ou apropriar de algo que não nos pertence. Não pertencemos nem a nós mesmos!
Acolho-me. Busco ver e interpretar essa situação pelos desdobramentos  históricos e culturais. A nossa maneira ocidental e também judaico-cristã de se relacionar com a vida e com a morte é uma boa base para teorizar. Cultuamos a vida. Endeusamos o ter.  Não que seja dispensável dar a vida o mérito a que tem direito. A propósito, existe algo mais mágico, misteriosos e instigante que viver?
Cabe aqui um senso critico individual e coletivo para não se alienar e nem viver somente de futuro... amanhã...
Tudo bem, introjeto toda essa relação, mas continuo na dúvida. Qual é o verdadeiro sentido dessa jornada? Qual será o destino desse eterno viajante de malas prontas?
Complexo. Tenho um destino: a MORTE. Mais não posso cultuá-la. Tenho um presente: a VIDA. Só que ela não é minha.
Todos os dias sou desafiada a levantar da minha cama. Tenho um ar em meus pulmões e meu coração, pobre músculo involuntário... pulsa. É hora de começar tudo outra vez.
Sou uma mulher feliz!! Feliz por receber essa missão divina. Amo viver! Amo ver o sorriso no rosto das pessoas, amo ver o céu de Brasília, amo sentir o vento e vê-lo lamber as folhas das árvores, que se rendem a uma dança sagrada. Amo receber o bom dia dos meus filhos.  Amo meu trabalho. Sou apaixonada pela psicologia. Entrentato, não consigo me isentar do sofrimento de ver o criador em sua colheita, “em pleno dia”. Me angustio com as tragédias e mortes prematuras. Com a violência. Com criança na rua. Com idosos abandonados.
Continua...

Um comentário:

  1. Difícil isentar-se do mundo, ainda mais quando perdemos parte dele.

    "É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante." (Nietzsche em 'Assim falou Zaratustra')

    Bjs

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