quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Eu e Clarice

Haviam-se passado momentos ou três mil anos? Momentos pelo relógio em que se divide o tempo, três mil anos pelo que Lóri sentiu quando com pesada angústia, toda vestida e pintada, chegou à janela. Era uma velha de quatro milênios.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Pescador de sonhos


Gostava de contemplar o céu
Divagava sobre a origem do universo e de si próprio.
Ele amava os satélites
Imaginava que o céu era um grande mar
E sonhava em pescar uma estrela
Todas as noites, sonhava.
Lançava sua vara e esperava pacientemente
Constantemente inebriava-se pela lua, por seu encanto e mistério
Como num conto de fadas se transporta para outro mundo.
Um mundo novo possível: cheio de encantos e serenidade.
Ali era pescador apenas.
E o tempo: paradoxal. Era tudo. Era nada!
Todo o sentido estava em esperar; pacientemente que uma estrela fosse atraída
Uma vez no barco, ela seria sua guia e sua luz.
A felicidade tornar-se-ia palpável e tudo se renovaria no dia seguinte.
Pelo menos em seus sonhos.



segunda-feira, 21 de maio de 2012

A vida não tem porquês...

Hoje pela manhã, recordei de um pensador americano que diz “que as flores não têm por quês, floresce por que floresce”.
Cheia de inquietações dentro de mim, não tive como escapar dos meus por quês. Mas, ao mesmo tempo, sinto-me repetitiva, muito redundante. São minhas velhas indagações sobre o processo de vida... de viver. Nem tive vontade de registrar aqui.
De onde vêm as flores que florescem sem porquês? Ok... De onde vem a semente? Como se forma uma vida no corpo de uma mulher? Aqui, nem me refiro a alma.
Qual a distância entre o sofrimento e a negação deste? Como se calcula?
E a alma humana, que se esconde dentro do corpo, de que tem medo?  Qual a sua coragem? De qual fonte se alimenta e sacia a sede?
Qual mistério da rotação da terra? E a translação?  Quem sou eu? Mal consigo responder sem fazer referencia ao social, ao comunitário aos amigos e familiares que ajudaram na constituição de minha personalidade. Mas, de onde viemos afinal? Quem é você? E qual minha participação em sua constituição? Por que nos atritamos vida a fora?
Por que caminhamos em círculos? Onde nossos pés nos levam? Por que somos cíclicos? Onde iremos chegar? E como chegaremos? 
Oh céus! Quanto tempo investido em  busca de respostas... sei que não existem respostas. Cada pergunta leva a outra pergunta. Não tem fim! São as eternas perguntas... Por que sou tão teimosa na busca de sentido?
Quanto tempo demora uma semana pra quem espera por uma cirurgia vital a continuação da vida? Quanto tempo demora minutos para uma mulher que está dando a luz a um bebê? Quanto tempo demora 30 dias? E um ano pra quem sente saudade?
Por que estamos ligados uns aos outros? Por que nos conhecemos, nos reconhecemos e vivemos nos esbarrando? Corpo. Somos órgãos e tecidos. Somos um grande vaso comunicante. Somos húmus. Somos água. Choramos de alegria e de tristeza.
Estamos soltos nesse grande azul? Ou estamos presos?
Sou livre? Somos livres? Ou somos todos prisioneiros?

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Indagações

Quantas pessoas você já amou? Quantas amaram você?
Quantas mandaram flores?
Quantas declararam amor eterno?
Quantas sorriram enquanto um nó na garganta se estabelecia? E o sorriso largo, verdadeiro, quantas vezes emergiu?
De quantas pessoas você se despediu?
E quantas conheceu?
De quantas sente saudade?
E a quantas já pertenceu?
Que porção de vida você doou? Um pouco, com medo de se machucar? Ou toda que pode para gerar mais vida?
Quantas pessoas você ajudou?
Com quantas dialogou? Quantas palavras você falou? E quantas economizou?
Quantos livros você leu? E quantas histórias contou?
Quantas crianças você viu? E com quantas brincou?
Quanta vida viveu? E quanta ainda quer viver?
Quanto, quantos, quantas... hein?


Sou inteira...

Meu coração cabe uma gota de amor – ou o mar inteiro.
Em minha vida cabe chuva de sorrisos – E tempestade também.
Em meus olhos cabem flores – Ou um jardim inteiro
Em meu diário cabem palavras – E muitas histórias.
Em meu corpo cabe um pouco paixão – E uma PAIXÃO inteira. Em todo ele.
Não quero ser uma tempestade de sentimentos – Mais também não me permito viver de pouco. Sou inteira, quero inteiro!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ano novo porMário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as buzinas
Todos os tambores
Todos os reco-recos tocarem:
– Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada – outra vez criança
E em torno dela indagará o povo:
– Como é o teu nome, meninazinha dos olhos verdes?
E ela lhes dirá
( É preciso dizer-lhes tudo de novo )
Ela lhes dirá bem alto, para que não se esqueçam:
– O meu nome é ES – PE – RAN – ÇA …